Caso o homem não tivesse a capacidade de sonhar,
você não estaria lendo esta revista, pois provavelmente ainda estaríamos na
Pré-História – na melhor das hipóteses. O sonho, que surgiu há mais ou
menos 140 milhões de anos, quando os mamíferos se desenvolveram a partir dos
répteis, é importantíssimo no processo de aprendizado.
Segundo as suspeitas de alguns cientistas, a
atividade mental noturna é também crucial para a preservação da espécie. “Sem
sonhar, nossa capacidade intelectual ficaria comprometida”, afirma o
neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro, da Universidade Duke, nos EUA. E o
ser humano, esse animal tão frágil diante das ameaças da natureza, não poderia
tirar tanto proveito de sua arma mais poderosa – o cérebro. O cenário não
seria animador: a ciência evoluiria muito lentamente, viveríamos com
medo de tudo e seríamos dominados por outros bichos sonhadores.
Isso tudo aconteceria se a nossa espécie como um
todo não pudesse sonhar. Mas o fato é que algumas pessoas realmente não sonham.
Elas sofrem de uma doença raríssima, a síndrome de Charcot-Wilbrand, que
geralmente surge após um acidente vascular cerebral e costuma vir acompanhada
de problemas visuais. Além disso, alguns medicamentos, como os antidepressivos,
podem reduzir, principalmente no início do tratamento, a duração da fase REM,
que é o estágio do sono no qual ocorrem quase todos os sonhos. No
primeiro caso, os resultados podem ser devastadores: amnésia, agressividade e
ansiedade são alguns sintomas prováveis. No segundo, os próprios remédios
ajudam a controlar os sintomas da falta de sonhos.
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